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Parem de nos matar!
Roberto Ponciano

No dia seguinte ao massacre perpetrado pela polícia em Jacarezinho, Roberto Ponciano mostra como a brutalização do Brasil contemporâneo está associada à intensificação da dominação territorial das milícias, que sucederam os esquadrões da morte após o período ditatorial. Na base dessa violência, a repressão contínua das populações negras brasileiras, desde a abolição da escravidão (1888) e sua expulsão das plantações – por isso a comparação de Jacarezinho à senzala. Mas até então o Brasil não havia sido presidido por alguém que nutre relações íntimas com as milícias cariocas.[…]

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No epicentro da tragédia brasileira, a esperança de uma derrota de Bolsonaro em 2022
Celso Amorim

Enquanto as mortes por Covid-19 aumentam, o presidente parece jogar o país num abismo sem precedentes. A vasta reforma ministerial feita pelo presidente, seguida das demissões dos chefes das forças armadas, inicia um período de perigosa instabilidade no pior momento da pandemia. Celso Amorim, ex-ministro das relações exteriores (1993-1994 e 2003-2010) e da defesa (2011-2014) dos governos Lula e Dilma, nos esclarece a instabilidade da situação do país. […]

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Bolsonaro, o racista-chefe do lixo branco brasileiro
Jessé Souza

Seis meses depois de assumir o cargo, o governo de Bolsonaro enfrenta repugnância de vários de seus eleitores. A evidência da conspiração para remover Lula da política acaba de ser publicada pela The Intercept. Ela encoraja os oponentes do governo, mas também forçam as instituições desacreditadas a se unirem para que não caiam. Isso aumenta temporariamente a impunidade desfrutada pelo governo na ausência de uma frente parlamentar capaz de realizar um projeto alternativo. Jesse Souza enfatiza que o sucesso eleitoral de Bolsonaro esta baseado em frustração social de uma classe media inferior visceralmente pequena racista em proporção ao que se distingue apenas por suas origens europeias dos pobres da escravidão. As declarações mais excessivas de Bolsonaro visam federar este eleitorado, capital para a sua manutenção no poder, respondendo a esta exigência de distinção pela estigmatização dos adversários.[…]

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O naufrágio da democracia no Brasil: desordem e regresso
Gérard Wormser

7 de outubro de 2018: implosão da democracia brasileira. Desde o dia seguinte, ficou-se sabendo da morte a facadas do célebre mestre de capoeira e compositor, mais conhecido como Moa do Katendê (Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos) após declarar oposição ao vencedor dessas eleições. Quais são os motivos da submissão da maioria a um programa político contrário a seus próprios interesses? Durante os anos de agonia do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula e Dilma, os brasileiros que são pela democracia estiveram sempre atrasados para o combate. Políticos de todos os lados e partidos brincaram com fogo ao se meter em extenuantes jogos de papéis protagonizados pelos partidos, persuadidos de que eram a encarnação da sociedade política. Lula foi o bode expiatório designado pelo ativismo de juízes que deram espaço a um político sem escrúpulos que alimenta os preconceitos mais crus para estabelecer sua autoridade. A indiferença dos mais ricos à revelia do destino de seus concidadãos e o ressentimento da maioria dos eleitores face à repugnância das elites contam muito na vitória de Jair Bolsonaro. A abdicação da democracia no Brasil abre um novo capítulo da história agitada desse país-continente[…]