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História das artes gráficas na Bahia
Gutemberg Cruz

Neste artigo, o jornalista e pesquisador Gutemberg Cruz nos oferece uma visão histórica e bastante atual da produção de artes gráficas na Bahia. Usando como gancho principal o tema da exposição “Humor Gráfico na Bahia”, idealizada por ele em comemoração ao aniversário de 138 anos da primeira história sequencial publicada no estado, ele também nos apresenta artistas e obras de diversos períodos e vertentes – quadrinhos, cartuns, charges e caricaturas.[…]

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Povos indígenas e a pandemia no Brasil
Manuel Prado Junior

Este ensaio apresenta um breve levantamento das questões enfrentadas pelos povos indígenas para a garantia de seus direitos no Brasil. A partir de uma perspectiva temporal, verifica-se que povos indígenas sofrem dificuldades para a concretização de seus direitos fundamentais há décadas, situação sensivelmente agravada pela atual pandemia. Compreende-se que resgatar esse histórico de violações, mas também o de mobilização em torno de seus direitos é fundamental para a compreensão das dimensões dos impactos atuais. Texto originalmente publicado na revista Sens public.[…]

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Uma visão crítica do mar e zona costeira brasileiros
João Lara Mesquita

Neste artigo, João Lara Mesquita, jornalista e editor do site Mar Sem Fim, apresenta-nos um panorama da costa brasileira e aponta três dos principais entraves para sua proteção efetiva: o não cumprimento das leis ambientais, a ineficiência das unidades de conservação marinha e a pressão do mercado imobiliário. Preocupado com o cenário de calamidade com que nos deparamos hoje e suas consequências, o autor propõe ainda soluções para salvaguardar os ecossistemas costeiros e marinhos e evitar tragédias.[…]

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Primavera indígena
Cacique Darã, Cacique Awa Tenondengua e Cacique Anildo Awarokadju

Semana passada, no dia 19 de outubro de 2023, Cacique Darã ancestralizou. A causa de sua morte não foi divulgada, e a polícia ainda investiga. A morte é parte indissociável da vida. Partindo o indivíduo, ficam suas lutas e conquistas. O Coletivo Brasil compartilha a atuação do Cacique Darã no acampamento “Luta pela Vida”, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), realizado em 2021, na cidade de Brasília. O evento foi a maior mobilização indígena até então realizada. Testemunhos, fotografias e vídeo revelam os principais momentos da manifestação, que reuniu seis mil indígenas, de 176 etnias, com o objetivo de lutar pelos direitos dos povos originários e pela demarcação de terras durante o governo de Jair Bolsonaro.É importante salientar que a luta indígena pelo direito a suas terras ainda persiste. Esse texto foi originalmente publicado na revista Sens public. […]

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Danycan, um testemunho da ofensiva dos navegadores franceses
Patrick Lamache

Sempre que possível, em 2008, eu percorria os estaleiros do litoral oeste da França. Foi numa dessas ocasiões que encontrei um barco tipo “ bermudian sloop” da classe 3 da RORC (Royal Ocean Racing Club), no formato “rabo de peixe”, criado por Cornu em 1948. Esse lindo veleiro poderia ter desaparecido. Mas não! Numa daquelas loucuras das quais nunca nos arrependemos, eu decidi agir. Logo após tê-lo comprado, enquanto eu aguardava o começo das primeiras reformas, comecei a pesquisar a história desse veleiro e de suas tripulações. Descobri assim um passado prestigioso e uma história relacionada ao ícone da vela francesa. Foi então que interveio a classificação como monumento histórico e nesse momento vesti-me de contador de histórias e de transmissor de patrimônio: a escrita de um livro tornara-se assim um caminho evidente a ser tomado. Texto originalmente publicado na revista Sens public.[…]

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Sexo e transgressão
Ching Selao

Se há uma escritora francófona conhecida por seu impudor literário certamente é Calixthe Beyala. Sua propensão a escrever sobre a sexualidade e o desejo das mulheres africanas levou os críticos a sublinhar a originalidade de sua obra e a falar de uma “poética do obsceno”. Seus romances igualmente a levaram a ser qualificada como autora “pornográfica” e “escritora de escândalos”, que exploram a provocação como uma “estratégia que remunera”. Ainda que Beyala não hesite em brandir sua feminilidade e a apontar o racismo e o sexismo para denunciar as críticas de seus detratores, colocando-se assim como vítima, mesmo assim é útil se questionar sobre a recepção de seus livros e as declarações a seu respeito que insistem sobre sua identidade sexual e sua origem africana. Ora, impudor literário que ela pratica, seja percebido positivamente ou negativamente, é frequentemente julgado em termos dessas características. O artigo a seguir, originalmente publicado na revista Sens public, analisa essas questões, retornando ao “Affaire Beyala” e examinando as implicações de sua escrita “pornográfica”.[…]

Eloy Terena
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Povos indígenas e violações no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil
Eloy Terena

Ontem, dia 21 de setembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a tese do Marco Temporal. Entre os 11 ministros do STF, 9 votaram contra a tese e 2 votaram a favor. Ora, mas o que é o Marco Temporal? A tese do Marco Temporal surgiu em 2009, em parecer da Advocacia-Geral da União sobre a demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol, em Roraima. Segundo essa tese jurídica, os povos indígenas teriam direito a ocupar e/ou reinvindicar a ocupação de terras que já ocupavam ou disputavam a posse em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal de 1988. Em 2003, foi criada a Terra Indígena (TI) Ibirama-Laklãnõ, em Santa Catarina. Contudo, parte do território dessa TI era ocupada por agricultures. Assim, em 2013, o governo de Santa Catarina, especificamente o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, baseando-se na tese do Marco Temporal, ganhou a posse do território após decisão do Tribunal Federal da 4a Região (TRF-4). A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) questionou a decisão do TRF-4 no STF. Santa Catarina entrou com processo no STF argumentando que a área näo deveria fazer parte da TI, pois ela não era ocupada por indígenas em 5 de outubro de 1988. Os Xokleng argumentaram que não estavam na território porque haviam sido expulsos dali. A decisão sobre a TI Ibirama-Laklãnõ firma o entendimento do STF sobre as demais TI Brasil afora. Daí a grande importância do julgamento ocorrido ontem.
Eloy Terena, autor do artigo que agora publicamos no Coletivo Brasil e que outrora foi publicado na Sens public, é secretário Executivo no Ministério dos Povos Indígenas. Eloy atuou ativamente pela derrocada da tese do Marco Temporal. Assim, é com grande alegria e sabendo da atualidade do tema que o Coletivo Brasil publica o texto de Eloy Terena sobre a a situação dos povos indígenas do Brasil no contexto da pandemia da Covid-19. O autor vale-se de dois movimentos teórico-metodológicos. O primeiro é olhar para as ações adotadas pelo movimento indígena desde o início da pandemia, principalmente aquelas empreendidas diante da omissão do Estado em apresentar planos e executar ações direcionadas especificamente para os povos indígenas, aumentando a vulnerabilidade e o risco de contágio do vírus. O segundo movimento está centrado no Estado e na sua incapacidade de lidar com a realidade indígena brasileira. Além de o trabalho constituir-se em um importante registro ao oferecer um panorama da situação e de como os fatos se desenrolaram; ele também busca trazer à baila reflexões sobre os desafios dos povos indígenas num contexto além da pandemia. Tal situação requer necessariamente trazer à discussão as demandas históricas dos povos, o que implica analisar o relacionamento do Estado com os povos originários, a urgente conclusão da demarcação das Terras indígenas e o respeito às cosmovisões indígenas sobre seus territórios. Este é um recado político reiterado pelo movimento indígena e suas lideranças e não foi discutido internacionalmente com a seriedade necessária. Os territórios tradicionais tão vitais para os povos indígenas cumprem um papel no equilíbrio da vida humana. O capital que oprime esses povos agora obriga todos a refletirem sobre o bem viver e as consequências climáticas da destruição da biodiversidade mundial.[…]

Renata Inahuazo
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Ancestralidade e memória, uma reflexão por intermédio de desenhos
Renata Inahuazo

Reflexões da artista Renata Ribeiro Inahuazo, indígena em contexto de cidade e residente em São Paulo, sobre a arte pela qual expressa suas inquietudes pessoais e políticas. Em exclusividade à Sens Public, ela conta o que a inspirou para compor os cinco desenhos que abrem o presente dossiê. Por meio de um relato potente, que une reflexão, ancestralidade, memória de lutas e cosmologias indígenas, ela oferta pistas para compreendermos a complexidade, o alcance e a sensibilidade de sua obra. Esse texto foi originalmente publicado no Dossiê Vozes Indígenas, da revista Sens public.[…]