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Entrevista com Márcia Tiburi
Parte 2 – Filosofia e Política
Márcia Tiburi

Márcia Tiburi é uma autora com quem a Sens public mantém uma relação especial. Artista e escritora politicamente engajada, escreveu e ilustrou o manifesto Brasil, Primeiro de Abril, que foi publicado na Sens public e também no Coletivo Brasil. As pinturas presentes no manifesto reaparecem no vídeo “Primeiro de Abril – piada pronta”, produzido por Junia Barreto e uma realização da Sens public em parceria com a revista Cult. O vídeo, disponível em português e traduzido para o francês, foi posteriormente compartilhado em diferentes portais, como os brasileiros GGN, Brasil 247 e o francês Mediapart, entre outros.

Filósofa, Márcia Tiburi propõe leituras do Brasil contemporâneo. No texto O ridículo político, análise de uma mutação estético-política, Márcia propõe o conceito de ridículo político como o operador do giro autoritário que se apresenta e que seduz as massas na atual fase do capitalismo mundial. Em seu mais recente livro, Um mundo em disputa, Márcia argumenta ser o mundo criado por intermédio da linguagem. Assim, seria a linguagem que define os limites do mundo. Em sua mais recente contribuição à Sens public, Márcia concede uma entrevista ao Coletivo Brasil.

A entrevista será publicada dividida em três partes. A primeira parte, que já publicamos, intitula-se “Feminismo e Literatura”. A segunda parte, que publicamos hoje, versa sobre “Filosofia e Política”. Nela, Márcia Tiburi expõe seu pensamento sobre a filosofia ser um processo dialógico com os públicos. Nesse contexto, a filosofia seria sempre uma construção do indivíduo em sua relação com os outros. A filosofia é uma construção coletiva, logo política. A terceira parte da entrevista abordará a relação de Márcia com as “Artes plásticas”, a ser publicada em breve.

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O que se sabe do Brasil em 2024
Parte 2 – A liberdade sem igualdade
Gérard Wormser

Nesta segunda parte de seu texto, Gérard Wormser discorre sobre a necessidade de “desencantar” o mito brasileiro. A realidade desse modelo social apenas será modificada quando forem adicionadas mais pessoas numa cidadania integral. Hoje o determinismo “social” é tão importante que as formas elitistas se mantêm de modo exagerado. O que é aceito até pelos brasileiros mais poderosos. Desse contexto surge o interesse em ligar essa situação com as camadas formadas pelas integrações locais, nacionais e globais, tal como formulado no livro de J-F Bayart. As consequênçias são: 1. não há uma “identidade” brasileira para justificar um fatalismo qualquer; 2. não há como reformar o país se considerarmos de forma separada a economia global e os problemas dos pobres.

A mudança, se tal coisa deve aparecer, vai exigir da parte das elites uma determinada vontade de investir muito dinheiro durante 30 anos para fazer com que a transição climática seja ligada a um projeto de integração geral, começando nas escolas públicas, com uma contribução enorme do setor produtivo para investir no povo brasileiro — o único capital para o futuro. A sexta maior economia global não poderá ter uma estratégia internacional (BRICS, G20, COP30 …), se só cerca de 1% dos brasileiros estão decidindo do que será feito o futuro… Este texto foi originalmente publicado na revista Sens public.

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O que se sabe do Brasil em 2024?
Parte 1 – Um gigante entre riqueza e dependência
Gérard Wormser

Revoluções conservadoras, ubers voadores, investimentos chineses milionários e grupos de WhatsApp. O que realmente acontece no Brasil em 2024? Ora, esses são alguns elementos que Gérard Wormser relaciona na elaboração de um quadro interpretativo capaz de elucidar as motivações dos atores sociais que marcaram a última década. A proposta de parceria entre a prefeitura de Mataraca, na Paraíba, e empresários chineses iluminou as interações entre as esferas econômicas, políticas, sociais e territoriais. O econômico impacta o território, ao mesmo tempo em que ele caracteriza os grupos sociais. As ações políticas se ramificam do mesmo modo que os projetos econômicos entre os níveis local, nacional e mundial. E as formas sociais também desvelam esses três componentes – tradições populares, orgulho nacional e assimilação de práticas globalizadas. Assim, a triangulação local, estado-nacional e mundial que condiciona a cidadezinha de Mataraca serve aqui também como instrumento de análise da democracia brasileira. Este texto foi originalmente publicado na revista Sens public[…]

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O Brasil na contramão da regulação do trabalho em plataformas
Ricardo Antunes

Neste texto, Ricardo Antunes discute o Projeto de Lei Complementar 12 (PLP 12), que regulamenta o trabalho do motorista para aplicativos. O PLP 12 mantém o trabalhador à margem da totalidade da legislação trabalhista e é um retrocesso para o conjunto da classe trabalhadora, pois os entregadores e toda sorte de trabalhador em plataformas logo terão o mesmo destino do motorista de aplicativo. As plataformas digitais, em grande jogo ressignificação, transformaram o “trabalhador” em “colaborador”, retirando-lhe direitos nesse processo. No capitalismo contemporâneo, a indústria não mais fornece ao trabalhador seu instrumento de trabalho. Ora, a Uber não cede carros, motos ou bicicletas a ninguém. De modo pouco claro e compreensível ao trabalhador, a gestão algorítmica impõe velocidade, ritmo e intensidade de trabalho.

Este artigo é uma versão resumida da Nota de Apresentação do livro O Trabalho em Plataformas: Regulamentação ou Desregulamentação (vários autores), no prelo pela Boitempo, publicado com o apoio do Ministério Público do Trabalho (15ª. Região), que terá distribuição gratuita. O livro apresenta o panorama mais atualizado, até o presente, acerca da regulamentação do trabalho em plataformas na Europa.[…]

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Promoção da diversidade socioambiental brasileira
Márcio Santilli

Este texto intensifica o Abril Indígena ao qual se dedica o Coletivo Brasil. Após falarmos sobre a histórica reparação coletiva concedida aos Guarani-Kaiowá e Krenak, eis que publicamos um texto de Márcio Santilli, político, ativista dos direitos dos povos indígenas e um dos fundadores do Instituto Socioambiental, ISA. É um momento significativo. Se, em nossas pesquisas, inúmeras vezes consultamos o site “Povos Indígenas no Brasil” e se publicamos um texto sobre o Redário de Sementes, precisamos também agradecer ao ISA. A Produção e difusão de conhecimento, a defesa de direitos, a comunicação e o apoio a parceiros locais são as linhas que guiam a instituição. Há 30 anos o ISA vem ensinando que “socioambiental se escreve junto”. Tal qual relação de “raiz-antena”, unem-se comunidades locais e decisões políticas. Em uma “Aliança dos Povos da Floresta”, juntam-se Ailton Krenak e Chico Mendes. Hoje, quando muito se discute a desinformação, é gigante a importância desse grande banco de informações qualificadas sobre o Brasil socioambiental. Na comemoração de sua terceira década, o ISA lança filme e livro sobre a trajetória do antropólogo Beto Ricardo, também fundador da instituição. E, claro, este texto de Márcio Santilli para o Coletivo Brasil.[…]

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Pior que anistia só lavar o piru na pia
Luiz Capelo

O Golpe civil-militar de 1964 completou 60 anos essa semana. Em teoria, esse seria o momento para o governo Lula, ele próprio um opositor na Ditadura, rememorar que o ocorrido em 64 foi um golpe de Estado e assim fortalecer a democracia na República. Infelizmente, não foi esse o caminho escolhido pelo governo. Muito pelo contrário, optou-se pelo esquecimento, por tentar jogar os fatos para debaixo do tapete. Essa atitude remete à auto-anistia que os militares se concederam. Dentre as perversidades do regime militar, a Anistia de 1979 desponta como uma das mais perniciosas. A Lei da Anistia de 1979 não é uma “conquista da democracia” (até porque ela é fruto da Ditadura), tampouco foi ampla geral e irrestrita.[…]

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Antes da Pandemia
Kowawa Apurinã

Kowawa Apurinã, indígena, antropóloga e educadora, relata, nesse vídeo originalmente publicado na Sens public, suas impressões sobre as difíceis condições de vida das mulheres e de suas famílias nas comunidades indígenas, que não contaram com o auxílio do Estado no contexto do governo de Jair Bolsonaro. Kowawa Apurinã ressalta a importância da terra e da relação de harmonia com a natureza, não somente para os povos originários, como também para toda a humanidade.[…]

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Encantado, o Brasil em desencanto
Camille Malderez

Originalmente publicado na Sens public em 2020, o artigo de Camille Malderez fala do primeiro longa metragem de Filipe Galvon, Encantado, o Brasil em desencanto, ganhador do Festival Internacional de Brasília, no ano de 2020, na categoria Juri Popular. O filme, que tem como ponto de partida a experiência do autor no bairro do Rio de Janeiro onde nasceu, traz um panorama das grandes mudanças políticas do país a partir da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Nesse período carnavalesco de liberação das pulsões, o Coletivo Brasil acredita ser importante uma reflexão sobre o quanto ficamos encantados com promessas e como lidamos com o consequente desencanto. O canto da sereia bolsonarista de 2018 encantou miríades, mas agora é diferente a tocata que toca em certas tocas. Passado o êxtase do fim do atraso e do retorno da civilização, como reagiremos? Compreenderemos que o príncipe é também o sapo?[…]

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2a Marcha das mulheres indígenas
Cutiara Terena e Irineia Terena

Nos idos de 2021, mulheres indígenas marcharam, pela segunda vez, na capital federal para clamar por seus direitos. E Fernanda Paixão, colaboradora do Coletivo Brasil, esteve na 2a Marcha Mulheres Indígenas, onde captou fotos e vídeos e registrou os testemunhos das indígenas Cutiara e Irineia Terena. Essas falas revelam a mobilização e a luta dos povos indígenas brasileiros. O Coletivo Brasil compreende que essa luta ainda não findou, e por isso é importante rememorar esses testemunhos. Esse texto foi originalmente publicado no Dossiê Vozes Indígenas, da revista Sens public.[…]

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Uma ministra terrivelmente cristã e seu discurso fascista
Marília Gonçalvez Magalhães e Letícia Barreto

Nesse texto, as autoras Marília Gonçalvez Magalhães e Letícia Barreto analisam discurso e prática de Damares Alves, ex-ministra no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.[…]