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Em busca de linhas na natureza
Tim Ingold

“Em busca de linhas na natureza” é um texto de Tim Ingold originalmente publicado em inglês na revista Earthlines e posteriormente traduzido para o francês e publicado na revista Sens public. Agora, o Coletivo Brasil traduz o texto para a língua portuguesa. No texto, Tim Ingold discorre sobre as linhas e o movimento. Os seres vivos não se movem por meio do deslocamento lateral de um corpo sólido de um ponto a outro ponto a ponto, mas por meio de uma alternância de empurrar para frente e puxar para cima, não muito diferente do enrolamento e desenrolamento pelo qual a tempestade ou o redemoinho faz seu caminho pelo céu. Todo ser é, portanto, comparável a um redemoinho no fluxo da vida.

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Elogio ao bug
Esse precioso instrumento de resistência frente aos gigantes do digital
Marcello Vitali-Rosati

Em entrevista concedida à revista Usbek & Rica, o filósofo Marcello Vitali-Rosati fala sobre o lançamento de seu novo livro, Éloge du bug. Être libre à l’époque du numérique, os GAFAM, Sócrates e o risco da unicidade.

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Dendê, matéria prima para um futuro sustentável
Edson Barcelos da Silva
Márcio Turra de Ávila

O globo passa por um período de transição energética decorrente da necessidade de redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE). A transição energética é um processo natural à humanidade. Passamos da tração humana para a animal, do fogo para a energia hidraúlica, do vapor para a eletricidade. Agora, temos de pensar o que virá após o petróleo. O Brasil está empenhado na questão e propõe alternativas. O Brasil tem 48% de energia renovável em sua matriz energética. A média mundial é de 15%. Esse sucesso nacional advém de vários fatores. Nossa geografia, nosso clima, nossa agricultura e nosso conhecimento científico são determinantes.

A transição energética não se resume à geração de energia, ela é um processo holístico que afeta a sociedade como um todo. Meio ambiente, gestão de resíduos, eficiência energética, sustentabilidade, renda e emprego são alguns dos temas envolvidos, eis então a pertinência da discussão levantada por Edson Barcelos da Silva e Márcio Turra de Ávila. Os autores apresentam o dendê, ou óleo de palma, como um potêncial combustível aeronáutico. O processamento do dendê fornece uma gama de produtos, como o óleo de dendê e o efluente líquido. A cultura do dendê gera desenvolvimento e preservação ambiental. Leia o texto de Edson Barcelos e Márcio Turra publicado aqui no Coletivo Brasil e descubra mais sobre o dendê.

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Trabalho em Plataforma
PLP 12/2024: avanço ou retrocesso ?
Beatriz Montenegro Castelo

O texto da advogada Beatriz Montenegro Castelo versa sobre o PLP12/2024 e adiciona nuances e perspectivas à discussão iniciada no Coletivo Brasil com o texto de Ricardo Antunes. No digital mundo contemporâneo, tudo passa por intensas transformações. E não poderia ser diferente com o trabalho. Eis a importância da discussão que está sendo travada. Beatriz Montenegro faz uma minuciosa análise jurídica do texto do PLP12/2024 e o lê à luz do artigo 7o da CF/88 e da jurisprudência do STF. Ela questiona se o PLP12 é favorável ou desfavorável ao trabalhador e se ele traz vantagens. Para balisar sua leitura, compara o PLP12 com legislação europeia sobre o tema.

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Entrevista com Márcia Tiburi
Parte 2 – Filosofia e Política
Márcia Tiburi

Márcia Tiburi é uma autora com quem a Sens public mantém uma relação especial. Artista e escritora politicamente engajada, escreveu e ilustrou o manifesto Brasil, Primeiro de Abril, que foi publicado na Sens public e também no Coletivo Brasil. As pinturas presentes no manifesto reaparecem no vídeo “Primeiro de Abril – piada pronta”, produzido por Junia Barreto e uma realização da Sens public em parceria com a revista Cult. O vídeo, disponível em português e traduzido para o francês, foi posteriormente compartilhado em diferentes portais, como os brasileiros GGN, Brasil 247 e o francês Mediapart, entre outros.

Filósofa, Márcia Tiburi propõe leituras do Brasil contemporâneo. No texto O ridículo político, análise de uma mutação estético-política, Márcia propõe o conceito de ridículo político como o operador do giro autoritário que se apresenta e que seduz as massas na atual fase do capitalismo mundial. Em seu mais recente livro, Um mundo em disputa, Márcia argumenta ser o mundo criado por intermédio da linguagem. Assim, seria a linguagem que define os limites do mundo. Em sua mais recente contribuição à Sens public, Márcia concede uma entrevista ao Coletivo Brasil.

A entrevista será publicada dividida em três partes. A primeira parte, que já publicamos, intitula-se “Feminismo e Literatura”. A segunda parte, que publicamos hoje, versa sobre “Filosofia e Política”. Nela, Márcia Tiburi expõe seu pensamento sobre a filosofia ser um processo dialógico com os públicos. Nesse contexto, a filosofia seria sempre uma construção do indivíduo em sua relação com os outros. A filosofia é uma construção coletiva, logo política. A terceira parte da entrevista abordará a relação de Márcia com as “Artes plásticas”, a ser publicada em breve.

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O que se sabe do Brasil em 2024
Parte 2 – A liberdade sem igualdade
Gérard Wormser

Nesta segunda parte de seu texto, Gérard Wormser discorre sobre a necessidade de “desencantar” o mito brasileiro. A realidade desse modelo social apenas será modificada quando forem adicionadas mais pessoas numa cidadania integral. Hoje o determinismo “social” é tão importante que as formas elitistas se mantêm de modo exagerado. O que é aceito até pelos brasileiros mais poderosos. Desse contexto surge o interesse em ligar essa situação com as camadas formadas pelas integrações locais, nacionais e globais, tal como formulado no livro de J-F Bayart. As consequênçias são: 1. não há uma “identidade” brasileira para justificar um fatalismo qualquer; 2. não há como reformar o país se considerarmos de forma separada a economia global e os problemas dos pobres.

A mudança, se tal coisa deve aparecer, vai exigir da parte das elites uma determinada vontade de investir muito dinheiro durante 30 anos para fazer com que a transição climática seja ligada a um projeto de integração geral, começando nas escolas públicas, com uma contribução enorme do setor produtivo para investir no povo brasileiro — o único capital para o futuro. A sexta maior economia global não poderá ter uma estratégia internacional (BRICS, G20, COP30 …), se só cerca de 1% dos brasileiros estão decidindo do que será feito o futuro… Este texto foi originalmente publicado na revista Sens public.

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O que se sabe do Brasil em 2024?
Parte 1 – Um gigante entre riqueza e dependência
Gérard Wormser

Revoluções conservadoras, ubers voadores, investimentos chineses milionários e grupos de WhatsApp. O que realmente acontece no Brasil em 2024? Ora, esses são alguns elementos que Gérard Wormser relaciona na elaboração de um quadro interpretativo capaz de elucidar as motivações dos atores sociais que marcaram a última década. A proposta de parceria entre a prefeitura de Mataraca, na Paraíba, e empresários chineses iluminou as interações entre as esferas econômicas, políticas, sociais e territoriais. O econômico impacta o território, ao mesmo tempo em que ele caracteriza os grupos sociais. As ações políticas se ramificam do mesmo modo que os projetos econômicos entre os níveis local, nacional e mundial. E as formas sociais também desvelam esses três componentes – tradições populares, orgulho nacional e assimilação de práticas globalizadas. Assim, a triangulação local, estado-nacional e mundial que condiciona a cidadezinha de Mataraca serve aqui também como instrumento de análise da democracia brasileira. Este texto foi originalmente publicado na revista Sens public[…]

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O Brasil na contramão da regulação do trabalho em plataformas
Ricardo Antunes

Neste texto, Ricardo Antunes discute o Projeto de Lei Complementar 12 (PLP 12), que regulamenta o trabalho do motorista para aplicativos. O PLP 12 mantém o trabalhador à margem da totalidade da legislação trabalhista e é um retrocesso para o conjunto da classe trabalhadora, pois os entregadores e toda sorte de trabalhador em plataformas logo terão o mesmo destino do motorista de aplicativo. As plataformas digitais, em grande jogo ressignificação, transformaram o “trabalhador” em “colaborador”, retirando-lhe direitos nesse processo. No capitalismo contemporâneo, a indústria não mais fornece ao trabalhador seu instrumento de trabalho. Ora, a Uber não cede carros, motos ou bicicletas a ninguém. De modo pouco claro e compreensível ao trabalhador, a gestão algorítmica impõe velocidade, ritmo e intensidade de trabalho.

Este artigo é uma versão resumida da Nota de Apresentação do livro O Trabalho em Plataformas: Regulamentação ou Desregulamentação (vários autores), no prelo pela Boitempo, publicado com o apoio do Ministério Público do Trabalho (15ª. Região), que terá distribuição gratuita. O livro apresenta o panorama mais atualizado, até o presente, acerca da regulamentação do trabalho em plataformas na Europa.[…]

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Acampamento Terra Livre 2024
Hamyla Trindade e Luiz Tukano

O Acampamento Terra Livre (ATL), organizado anualmente pela APIB, é a maior mobilização indígena do Brasil. Entre os dias 22 e 26 de abril de 2024, reuniram-se na Esplanada dos Ministérios milhares de indígenas representando os 305 povos em território brasileiro.

O Coletivo Brasil, para fechar o seu Abril Indígena, condizente com seus engajamentos e por ser um espaço de construção coletiva do conhecimento, convidou Hamyla Trindade e Luiz Tukano a compartilhar conosco alguns de seus registros em vídeo e fotografia do ATL 2024.

Hamyla Trindade é indígena do povo Baré, é graduada em Enfermagem, é especialista em Pneumologia Sanitária, é mestre em Saúde Pública e é doutoranda na FIOCRUZ Amazônia. Atualmente trabalha na SESAI.

Luiz Tukano é formado em biologia, é mestre em Saúde Pública na FIOCRUZ Amazônia e é doutorando em Epidemiologia em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública. Além disso, é Conselheiro Nacional de Saúde e gerente de Projetos da COIAB.[…]

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Vozes indígenas, trilhas para renovar o Brasil
Junia Barreto

Neste mês ocorreu a 20a edição do Acampamento Terra Livre em Brasília, no momento em que temos um Ministério dos Povos Indígenas; em que a FUNAI é presidida por uma mulher indígena e em que um indígena foi eleito como imortal da Academia Brasileira de Letras. Os ventos parecem soprar favoravelmente, mas nem sempre foi assim.

A luta dos povos indígenas é ancestral. Ela começa no exato momento em que se inicia a empresa colonial portuguesa na Terra Brasilis. Não há julgamento algum que altere esse fato. Se precisamos realmente falar em Marco Temporal, é melhor começar falando do Cabral. A causa indígena é de suma importância para a compreensão do Brasil. É uma luta que concerne aos povos indígenas, diretamente implicados, mas também aos não indígenas.

Durante a pandemia Junia Barreto idealizou o projeto Vozes indígenas, trilhas para renovar o Brasil com o objetivo de abrir espaço às diferentes comunidades indígenas de norte a sul do país. O dossiê foi publicado em português e francês pela revista internacional Sens public em novembro de 2022. Publicamos, hoje, seu texto de apresentação do dossiê. No Coletivo Brasil, percorremos o caminho inverso e republicamos este texto ao final das diferentes contribuições. Ao finalizar as republicações do dossiê, esse texto contextualiza o projeto e dá sentido de conjunto à obra.

O dossiê Vozes indígenas, trilhas para renovar o Brasil é fruto de uma parceria de longa data. Já no evento internacional realizado na Universidade de Brasília “Alucinação política das telas”, Erisvan Bone Guajajara expôs sobre seu trabalho na criação do Mídia Índia. A jornada “Sangue indígena, nenhuma gota a mais”, em périplo pela Europa para denunciar as atrocidades cometidas durante o governo Bolsonaro, se fez anunciar em outubro de 2019 no 29e Salon de la Revue, em Paris; em jantares íntimos parisienses e mesmo durante a comemoração em homenagem a Clemenceau patrocinada pelo Estado francês. Também no ATL de 2021, estivemos ao lado dos povos indígenas e em apoio a suas reivindicações.

Nesse momento em que o Acampamento Terra Livre 2024 está em seu pleno curso, a professora e pesquisadora Junia Barreto renova seu apoio à luta e à resistência indígenas. Frente ao conformismo, à passividade e até mesmo à violência reinantes, os indígenas se organizaram e fizeram a diferença.

Assim como no momento de publicação do dossiê Vozes indígenas, trilhas para renovar o Brasil, o Coletivo Brasil pretende reforçar o seu apoio aos povos indígenas, assim como reiterar o convite para que participem de nossa plataforma com suas ideias testemunhos e projetos, multiplicando suas vozes e amplificando o som de seus maracás[…]