Se há uma escritora francófona conhecida por seu impudor literário certamente é Calixthe Beyala. Sua propensão a escrever sobre a sexualidade e o desejo das mulheres africanas levou os críticos a sublinhar a originalidade de sua obra e a falar de uma “poética do obsceno”. Seus romances igualmente a levaram a ser qualificada como autora “pornográfica” e “escritora de escândalos”, que exploram a provocação como uma “estratégia que remunera”. Ainda que Beyala não hesite em brandir sua feminilidade e a apontar o racismo e o sexismo para denunciar as críticas de seus detratores, colocando-se assim como vítima, mesmo assim é útil se questionar sobre a recepção de seus livros e as declarações a seu respeito que insistem sobre sua identidade sexual e sua origem africana. Ora, impudor literário que ela pratica, seja percebido positivamente ou negativamente, é frequentemente julgado em termos dessas características. O artigo a seguir, originalmente publicado na revista Sens public, analisa essas questões, retornando ao “Affaire Beyala” e examinando as implicações de sua escrita “pornográfica”.[…]