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Resgate animal no Pantanal em chamas
Entrevista com Paula Helena Santa Rita, Cientista Ambiental

O Pantanal, maior planície alagável do Planeta, volta a sofrer com as queimadas em 2024, com números recordes de focos de incêndio e danos incalculáveis para a biodiversidade da flora e da fauna do bioma.

Os ecossistemas pantaneiros são caracterizados por cerrados, cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos. Há duas estações climáticas bem definidas, o verão chuvoso e o inverno seco. Por diferentes prismas, a água é fundamental para a compreensão da região pantaneira. Há momentos de abundância hídrica, há momentos de seca. Essa alternância é inerente ao Pantanal, e o bioma consegue se recuperar. Apesar disso, as secas cada vez maiores e mais frequentes, associadas aos também mais frequentes incêndios, ameaçam a capacidade de recuperação do Pantanal.

As mudanças climáticas agravam as secas no Pantanal. Em 2024, o período de estiagem começou com chuvas abaixo da média. Prevê-se então um inverno mais árido. É uma tendência que se agrava. Segundo estudo do MapBiomas, entre 1985 e 2022, o Pantanal perdeu 81,7% de sua superfície de água. Hoje, os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso já estão em situação de seca. Há escassez de chuvas e as temperaturas estão acima da média histórica na Bacia do Alto Paraguai. A alta temperatura e os parcos recursos hídricos aumentam a probabilidade de incêndios florestais.

No ano de 2020, o Pantanal sofreu suas maiores queimadas. Com o Pantanal em chamas fora de controle, sofrem fauna e flora. Eis então o trabalho de Paula Helena Santa Rita. Quando a região começa a queimar, cabe a Paula Helena fazer o acompanhamento dos animais silvestres e dos animais domésticos das regiões de foco de incêndios. Doutora em ciências ambientais, docente e integrante das esferas estadual e federal de reação a desastres, Paula Helena possui a capacitação e os meios de interferir ; pantaneira, tem sabedoria e vínculo com a terra. Assim, em 2024, Paula Helena volta a resgatar a fauna em um Pantanal em chamas.

Na entrevista concedida ao Coletivo Brasil, Paula Helena fala sobre o Pantanal, os incêndios, os animais e os pantaneiros. Ela relata as consequências do fogo para a fauna e como o aquecimento global intensifica a situação. Ela conta ainda como foi resgatar do fogo antas, cobras e onças. Mas, sobretudo, ela fala de pessoas, de indivíduos resilientes e apaixonados pelo local onde habitam.

Entrevista concedida ao Coletivo Brasil em 05 de março de 2024

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Paula Helena Santa Rita
É doutora pelo Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), é coordenadora do Biotério da UCDB, que desenvolve o trabalho de resgate técnico de animais silvestres vítimas de queimadas na região do Pantanal mato-grossense, e é docente na mesma universidade. Bióloga e médica veterinária, Paula Helena é uma das fundadoras do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap-MS) e, no Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMS-MS), preside as comissões de de Animais Silvestres e Meio Ambiente e de Medicina Veterinária de Desastres. No Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Paula Helena integra a Comissão Nacional de Desastres em Massa.

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